Pular para o conteúdo principal

O ancião de 2.736 anos



Nascido na Índia às margens do rio Indo no ano de 720 A.C, cresceu desprezado pelos habitantes de sua vila, pois era considerado um pária visto que seu pai pertencera a uma classe social, casta, diferente da de sua mãe e o casamento deles era proibido; quando jovem o pequeno Shaymynani era constantemente utilizado como escravo pelas famílias de casta superiores, mas toda aquela dor e sofrimento ia sendo suportada pelo menino que nem ao menos sabia porque era tão mal tratado, e com o tempo ele nutria esperanças de que todo aquele desespero fosse desaparecer assim como algumas daquelas feridas, porém, o tempo passava e nada de bom acontecia.

No vigésimo quinto aniversário, já um homem feito com barba no rosto, Shaymynani estava acorrentado a pesados alforjes no pescoço, pulsos e pernas; durante uma noite enquanto estava sonolento viu alguém esgueirando-se nas sombras em uma velocidade que seus olhos não conseguiam acompanhar. Em poucos minutos a criatura colocou-se frente a frente com ele, era Hediondo; um monstro com corpo de homem e a cabeça parecia a um de tigre, com olhos ferozes, longos caninos e enorme garras. O jovem Shaymynani pensou tratar-se da morte que o teria vindo buscar; momentos depois o escravo perdeu os sentidos, acordando no dia seguinte certo de que algo estava por acontecer.

Cinco anos se passaram e ele nem mais se lembrava de tais acontecimentos uma noite quando carregava grãos de uma casa para outra durante a madrugada foi ferozmente atacado por dois "demônios tigre" seres aos quais os hindus chamavam de Rakshasas, eles o feriram de tal maneira que tudo que ele enxergou foram às sombras, a dor e o forte abraço da morte.

Só o que ele se lembra após esse episódio, é de ter cavado seu caminho até a superfície do local aonde havia sido enterrado, movido pela sede e pela fome, ressurgiu da terra e as primeiras coisas que vislumbrou foram os monstros que o criaram. Monstros estes que o conduziram para Lanka que segundo a mitologia hindu era um templo vampírico escondido dos seres humanos; lá permaneceu por sete anos aprendendo sobre o que se tornara.

Em 600 A.C Shaymynani já estava no mundo novamente e tinha se unido com outros poderosos demônios; o vampiro chinês Kwang Dong Kam e o árabe Arkam Bin Azhail. Juntos formaram uma tríade que fundaria e governaria a Ordem do Sangue, uma Ordem formada por mercenários idealizada por Arkam que tinha a finalidade de derrotar e dominar territórios por todo lugar onde passassem; a Ordem do Sangue confrontou e venceu as poderosa facções da Liga Marítima Ateniense liderada por Alcibíades em diversos frontes de batalha e foi uma das responsáveis pela vitória dos exércitos do general Lisandro de Esparta contra as tropas da cidade estado de Athenas durante a guerra do Peloponeso; que foi um conflito armado entre Atenas centro político e civilizacional por excelência do mundo do século V a.C. contra Esparta cidade de tradição militarista e costumes austeros, de 431 a 404 a.C. Esta aliança foi promissora até o ano de 422 D.C quando as brigas entre Kwang e Shamynani que havia trocado seu nome para Argaiol Crianon, culminaram com uma violenta e destrutiva dissolução da tríade.

Durante mais sete anos Argaiol recolheu-se à Lanka com a finalidade de recuperar o tempo perdido em sua primeira hibernação; quando foi derrotado por um vampiro ainda mais antigo do que ele e ferido tão gravemente que sua condição de cura acelerada levaria anos para fazer algum efeito; ao retornar ao mundo mortal ele tornou-se um espectador dos homens, acompanhando de perto seu desenvolvimento e a evolução das "criaturas das sombras". O tempo passava e ele vagou por Índia, China, Grécia, Roma, Hispanha, Constantinopla, Grã-Bretanha, onde teve os primeiros contatos com as bruxas e os magos britânicos, segundo a lenda Argaiol teria descoberto uma das passagens para a ilha mística de Ávalon, onde teria permanecido por 169 anos. Depois disso voltou à China aonde enfrentou e venceu seu antigo aliado na tríade, Kwang. Nada se sabe sobre este embate, mas Argaiol nunca mais foi visto em parte alguma desde então.


Em 1751 surgiu na cidade de Santiago (Chile) um noctívago dizendo ser a cria legítima do agora lendário Argaiol Crianom. Esta criatura alegando ser a prole de Crianom chamava-se Tymoti um jovem explorador inglês que visitava o país a negócios e adotou o nome Argaiol como forma de respeito e veneração por seu criador. Nos anos de 1900, 1980 e 2000 vampiros de diversas cidades da América do Sul alegaram ter visto Argaiol, mas nunca nenhum mortal ou imortal conseguiu provar se era realmente ele, ninguém sabe se este ancião é real ou apenas um fantasma do passado. E agora estes rumores estão ocorrendo aqui em nosso país.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Noite vermelha

Os morcegos estavam por todo lado, um dos caçadores tombou tão rápido que os outros nem perceberam o que estava acontecendo. Um deles tentou atirar para várias direções, mas logo viu que não acertaria ninguém. Esse caçador estava perto do carro e tentou correr para buscar abrigo dentro dele, era um SUV médio que usavam para caçar as criaturas da noite, mas não teve tempo de chegar no veículo, foi abatido por um vulto escuro que o agarrou, quebrou seus braços e o atacou bem no pescoço. Quando o corpo do segundo caçador tombou os dois que restaram finalmente compreenderam o que estava acontecendo. Eles tinha se reunido ali como faziam uma noite todos os meses para se agrupar e sair pela madrugada caçando criaturas que vivem entre os vivos sem ser vivos; ou seja, eles caçavam vampiros e perceberam que naquele momento algum vampiro os havia encontrado para se vingar. _O que esta acontecendo aqui? Onde estão os outros? _ perguntou um dos caçadores que ainda não tinha percebido a

Escravos da morte

Mais um carnaval acabou, esta é, sem dúvida, a melhor semana para todos os noctívagos como eu; são noites em que podemos sair pelas ruas sem ter a menor preocupação em manter nossa existência em segredo, porque as pessoas comuns estão tão bêbadas e inebriadas com todo o maravilhoso caos criado por sua alegria desesperada que nem mesmo se dão conta de que são apenas uma multidão de vítimas esperando para serem encontradas e abatidas. Eu me chamo Jezhrabel, neste momento estou em minha casa, sentada sobre minha cama e alimentando meus animaizinhos com meu próprio sangue retirado de um longo corte superficial que faço em minha garganta; depois deixo que meus bichinhos, dois gatos que estão comigo desde o início, bebam um pouco, faço isso uma vez ao mês e eles se tornaram criaturas tão longevas quanto eu. A verdade é que prefiro meus monstrinhos às pessoas e é por este motivo que vou contar como foram meus dias de carnaval na cidade maravilhosa. Moro no Rio de Janeiro desd

Baile de carnaval

Rosana, Mirela e Andréa planejaram a viagem de férias perfeitas durante dois anos, juntaram dinheiro e finalmente conseguiram concretizar o sonho de passar o carnaval na Cidade Maravilhosa, o Rio de Janeiro parecia estar completamente envolto em uma aura de festa desde o aeroporto. Elas chegaram à cidade vindas de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, e logo no caminho para o hotel em Copacabana puderam presenciar vários blocos de rua desde o aterro do flamengo, passando pela enseada de botafogo e mesmo na Avenida Atlântica, que é a principal rua do bairro mais famoso da cidade. Logo que chegaram ao hotel deixaram suas malas no quarto e passaram a tarde na praia, aproveitando o sol do verão carioca para ganhar um tom de pele mais bronzeado, beberam algumas cervejas, almoçaram, caminharam pelo calçadão da orla até próximo ao Forte de Copacabana, e tomaram banho de mar, é claro. Durante o tempo em que estiveram na areia, elas presenciaram vários blocos extremamente animados pa